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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Rumo ao Abismo - Parte 2 - Marolinha ou Tsunami?


"Lá, a crise é um tsunami. Aqui, se chegar, vai ser uma marolinha, que não dá nem para esquiar" Lula, Outubro de 2008.

A intenção desse post é dar continuidade ao anterior e observar como foi a reação do Brasil frente a pior crise econômica desde 1929. É possível resumir em duas formas a maneira com que o Brasil lidou com a Tsunami que estava se espalhando pelo mundo:

i) Política monetária e Política fical. 

Entendo que essas duas estratégias não foram empregadas de forma tão contundente (principalmente a monetária), mas vale a pena explicar como o país utilizou esses instrumentos. Em relação a política monetária, diante de um cenário de crise iminente, espera-se que o governo reduza a taxa de de juros, barateando o investimento das empresas e o crédito às pessoas físicas. No entanto, o impacto da redução dos juros é lento, pois somente após os contratos que vigoram na economia expirarem é que novos serão feitos com base na taxa de juros mais baixa. 

Entre Janeiro e Julho de 2009, a SELIC caiu de 13,75% para 8,75%. Apesar da queda relevante, ela ocorreu de forma lenta (a crise explodiu em setembro de 2008) e seu efeito só foi sentido a partir de julho de 2009. Definitivamente este instrumento não pode ser considerado como o antídoto da crise, mas sem de certa forma ajudou também na recuperação econômica.

Em relação a política fiscal, o governo brasileiro se limitou a renúncia de impostos de bens duráveis como automóveis, materiais de construção e móveis. Essa política teve importância, pois, com a expansão do crédito, serviu como impulsor do consumo. No entanto, comparando com os outros países, nossa resposta na política fiscal também foi tímida.

ii) Expansão do créditos dos bancos públicos

Considero esta a mais importante forma com que o governo lidou com a crise de 2008. A orientação que o governo deu para que seus bancos (Banco do Brasil, Caixa e BNDES) ampliassem o crédito na economia foi fundamental para manter o nível de atividade econômica.

Lembra que no post anterior eu comentei que, diante das incertezas, os bancos tendem a reduzir o crédito? Isso aconteceu aqui no Brasil também, apesar de nossos bancos não possuírem papéis podres na época. O papel que os bancos públicos tiveram foi justamente manter o nível de oferta de crédito na economia. A prova disso foi que a particiapação dos bancos públicos no crédito pulou de 35% no início da crise para 41% em fevereiro de 2010.

Além desses dois itens destacados acima, convém ressaltar que o governo não retrocedeu com seus planos de investimentos como o PAC e o bolsa família. Essa atitude permitiu que o país mantivesse o seu já elevado nível de participação dos gastos do governo na economia, evitando que a crise se disseminasse, sobretudo o setor de serviços, que é responsável por 60% do PIB.

Taxa de Crescimento - PIB - Brasil

Clique no gráfico para ampliar

Conforme podemos ver no gráfico acima, o desempenho do país foi relativamente satisfatório. Mesmo o ano de 2009 em que tivemos uma tímida retração foi positivo se compararmos com outros países.

Marolinha? Tsunami? O fato é que o Brasil desviou bem da pertubação externa. No entanto, a crise ainda não acabou. Nos próximos post da série iremos examinar como a crise de 2008 se reflete na crise européia e americana de hoje.